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Conheça a história por trás da criação de Frankenstein

As obras literárias têm, ao longo do tempo, dado voz aos medos e esperanças provocados pelas descobertas científicas, além de retratar imagens e mitos em torno da própria ideia de ciência.

Diversos fatores contribuem para essas representações da ciência, como a cultura e a classe social em que estão inseridos os autores. Não se pode ignorar, também, a influência do gênero: por ser tradicionalmente dominada por homens, a ciência tende a ser representada de formas diferentes quando narrada por vozes femininas ou masculinas.

How Mary Shelley Critiques Patriarchy And Science In Frankenstein

Publicado em 1818, o romance Frankenstein permite discussões de temas relevantes tanto para a sociedade inglesa do século XIX quanto para a visão de mundo que hoje possuímos. A obra, que também traz percepções sobre a rejeição do diferente, é primariamente uma análise da vontade do homem de transpor os limites da natureza e das consequências que tal poder pode trazer.

O livro foi pioneiro e precursor da literatura de horror e ficção científica. Mas você sabe como nasceu essa história?

A ideia para Frankenstein surgiu em uma noite chuvosa de verão na Suíça, onde Mary Shelley passava férias ao lado de dois poetas ingleses: Percy Bysshe Shelley, seu futuro marido, e o célebre Lord Byron, locatário da residência onde o casal estava hospedado. Como os três estavam presos em casa em função da tempestade, Lord Byron sugeriu um passatempo. O poeta, ícone do romantismo, desafiou cada um dos presentes a escrever uma história de fantasmas (e não poderia haver atmosfera mais adequada à temática!).

Em um primeiro momento, Mary Shelley relutou em aceitar o desafio. Alguns dias depois, entretanto, na madrugada de 16 de junho de 1816, a escritora teve a visão de um jovem estudante dando vida a ossos que havia recolhido de uma sepultura. Assim, com apenas 18 anos, Mary Shelley criou Frankenstein. A ideia virou um conto e foi apresentado aos demais presentes na casa.

Incentivada por Percy Bysshe Shelley, Mary trabalhou para desenvolver o conto e transformá-lo em um romance, essencialmente próximo da história original. No livro, o jovem estudante de medicina Victor Frankenstein (que, na cultura popular, acabou por emprestar ao monstro seu nome) dá vida a uma criatura a partir de cadáveres. O monstro, abandonado pelo criador, começa a assimilar os sentimentos humanos e a compreender sua triste condição, revoltando-se e perseguindo Frankenstein.

A primeira edição de Frankenstein foi publicada anonimamente, pois muitos duvidavam que uma mulher tão jovem pudesse criar algo tão original e perturbador. O reconhecimento veio aos poucos, e Mary Shelley se firmou como autora em um cenário literário amplamente dominado por homens. 

Sua inspiração feminista veio, em parte, de sua mãe: a filósofa Mary Wollstonecraft, autora de A Vindication of the Rights of Woman (1792), uma obra fundamental na luta por direitos iguais entre homens e mulheres. As ideias da mãe ecoam na escrita da filha, especialmente na crítica aos papéis sociais impostos pelo patriarcado.

Dia Internacional da Mulher: Mary Wollstonecraft e Mary Shelley, artigo de  José Eustáquio Diniz Alves

 

Na terceira edição do livro, revisada e publicada em 1831, a autora agradece a Percy, que assina o primeiro prefácio que Frankenstein recebeu, por incentivá-la a desenvolver a história que nasceu naquela noite de tempestade. Duzentos e dois anos depois, essa obra recheada de questionamentos morais nunca saiu de circulação e está imortalizada na literatura, no teatro e no cinema.

Na Netflix, há um filme sobre a vida de Mary Shelley, que retrata os desafios e conquistas da autora em meio às pressões sociais e intelectuais da época.

 

 

📌 Citação sugerida

HIRSCH, Lorena Araujo. Conheça a história por trás da criação de Frankenstein. Biblioteca do CECULT/UFRB, 08 mar. 2023. Disponível em: https://www.ufrb.edu.br/bibliotecacecult/noticias/323-conheca-a-historia-por-tras-da-criacao-de-frankenstein . Acesso em: ___.

 

Fontes:  

ROCQUE, L. de L. e TEIXEIRA, L. A.: 'Frankenstein, de Mary Shelley e Drácula, de Bram Stoker: gênero e ciência na literatura'. História, Ciências, Saúde — Manguinhos, vol. VIII(1), 10-34, mar.-jun. 2001.

- https://www.taglivros.com/

- http://unespciencia.com.br/

Leobaldo Prado - Jornalista, locutor / narrador. Produtor e apresentador do podcast de literatura ‘Verso da Prosa’

 

 

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