Mariana nasceu saudável para a alegria de seus pais e familiares, logo de início recebeu da madrinha uma linda boneca, a primeira das muitas que receberia. A menina cresceu, abandonou as bonecas e dedicou-se aos estudos. Tornou-se uma mulher de sucesso profissional e se casou com Paulo, um rapaz bem-sucedido. Viveram felizes e sem filhos para sempre.
A história de Mariana e Paulo, embora fictícia, ilustra a tendência de muitos casais que cada vez mais optam por não ter filhos. O Brasil ostenta um aumento no número de família sem filhos. É o que aponta a Síntese dos Indicadores Sociais, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mais presente no mercado de trabalho e com maior nível de escolaridade, as mulheres têm optado por ter menos filhos. É um indicativo da chamada Terceira Transição demográfica, em que os homens e mulheres não apenas adiam a hora de ter filhos – simplesmente há quem decida não tê-los. Essa tendência não se concentra apenas nos grandes centros urbanos, em cidades pequenas como Conceição da Feira, alguns casais fazem parte dela.
E é exatamente nesse perfil que se encaixam Teresa Conceição Santos, 32 anos e Raimundo Santos, 39 anos, ambos, professores pós-graduados. Casados há 17 anos nenhum dos dois pensa em crianças, embora admitam que adoram os sobrinhos. “Nunca tive vontade de ter filhos, na adolescência quando conversava com minhas amigas sempre demonstrei esse desinteresse. E o meu marido pensa como eu quando o assunto é filhos. Não é que não gostamos de crianças, mas sim uma escolha, uma opção nossa”, comenta Teresa. Já a estudante de administração de empresas, Nadjane Santos, 26 anos, brinca: “Nasci pra ser tia. Adoro meu sobrinho, fico com ele o tempo todo, mas tem hora certa pra entregar aos pais dele. Estou concluindo a faculdade e agora é o meu momento, um filho nesta altura do campeonato seria um erro”, conclui.
ORGANIZADOS
A literatura americana classifica os casais que não têm filhos como Dink – Double income and no kids. No Brasil, Dinc – Duplo ingresso e nenhuma Criança – pode ser uma tradução para o português que mantém o mesmo som e uma escrita parecida com o termo DINK, em inglês. Muitos casais sem filhos já criaram espaços para troca de experiências e busca de informações em associações como o “No Kidding!” que possui um site traduzido em vários idiomas, inclusive o português. O assunto também é tema de livros e estudos acadêmicos.
De acordo com o professor José Eustáquio Diniz Alves, coordenador da pós-graduação do IBGE, em artigo publicado na internet, há cerca de dois milhões de casais sem filhos em que o marido e a mulher têm renda. Isso representa 4% de todos os casais do país, número que cresceu em dez anos, segundo dados da pesquisa.
Os motivos que levam homens e mulheres a optarem por não ter filhos podem ser os mais variados possíveis, mas uma coisa esses casais têm em comum, geralmente são pessoas que estudaram muito e por conseqüência possuem um bom padrão de vida.
Por Ilani Silva e Nirane Lopes
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www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u347886.shtml – 39k -
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